
Um Mercado de Nichos por Samuel Corredoura
Em 2007, quando dei os primeiros passos na área do fitness, vivíamos uma época de grande expansão na qual algumas marcas se tentavam lançar, outras expandir pelo país e pelo mundo e outras ainda, de menor investimento e escala, sobreviver ao crescente mercado concorrencial.
O marketing dos denominados “fitness club”, ainda que bem patenteados, reorienta agora todos os seus esforços de comunicação para o conceito de “health club”. Já não impera a imagem de espaços dedicados ao culto de corpos esculturais, de olhos postos nas capas de revista, mas sim espaços onde se promove o bem-estar, com equipamento de força menos agressivo visualmente, uma diversidade de aulas de grupo que oferece benefícios ao corpo e mente, áreas próprias de spa – com saunas, banhos turcos, circuitos de águas quentes, entre outros – e ainda uma oferta de serviços como nutrição, terapias complementares ou estética. Uma sinergia perfeita que reúne saúde e beleza num único espaço.
Ainda que o marketing e publicidade tenham seguido outra linha de comunicação, o objetivo último do negócio permanece igual a tantos outros – o lucro. Embora a nomenclatura mude, vista novos conceitos e imagem, os alicerces permanecem sólidos. Negócios de massas são feitos de um propósito comum: vender o que está em voga. Seja pelas metodologias de treino emergentes, pelos estilos ou equipamentos cada vez mais distanciados daquilo que realmente importa cuidar – o copo humano. As promessas de resultados já não se cingem pela massa gorda ou calorias, à oferta exige-se agora o que é mais vendável, seja o bem-estar psíquico, o alívio de stress, as melhorias na qualidade do sono e/ou o estimulo da imunidade através de planos alimentares revolucionários e suplementações várias.
Não obstante, a meta é, e sempre será, o lucro. Continuam a ser os números a ditar as modas, utilizando para isso veículos de difusão como os media e as redes sociais, curiosamente cada vez mais centrados no populismo mediático (mensurável em ‘likes’ ou visualizações) e proporcionalmente desfasados dos canais que reúnem o know how e conhecimento científico sob o qual qualquer atividade relacionada com saúde se deveria pautar.
A massificação ganhou terreno e assumiu o comando, sendo que, com o passar dos anos, o valor médio pago por cada sócio nas grandes cadeias acabou por baixar consideravelmente com a entrada dos low cost. A relação custo-benefício-utilização começou a ser cada vez mais questionada e a pesar significativamente nas vendas e fidelização de clientes. O espectro de abrangência da população aumentou consideravelmente, muito embora, a sua repercussão na taxa de penetração nacional não se ter verificado em proporção à oferta.
A mesma abrangência evoluiu naturalmente para uma maior segmentação do mercado, exigindo uma procura mais personalizada e específica por parte do cliente, cuja perceção relativamente às suas reais necessidades tem vindo a crescer exponencialmente. As especificidades e particularidades ganham espaço numa maior consciencialização daquilo que efetivamente é o corpo e do que fazemos dele, com ele. Já não é apenas um reflexo no espelho, ou os que os demais observam e competem entre si – existe agora um entendimento além disso, o designado e efetivo bem-estar. O cliente lida, com relativa e crescente consciência, com as dificuldades diárias provocadas por uma dor músculo-esquelética persistente, ou mesmo residente, fruto de uma sucessão de noites mal dormidas, desregulação hormonal, por stress profissional, problemas pessoais, entre outros. A procura de profissionais especializados nas suas ciências ganha agora uma realidade absolutamente vital: a complementaridade entre especialidades. Medicina, nutrição e treino de força convergem as suas valências para o bem comum: a saúde.
Os espaços disponíveis para cuidar do corpo e mente não conseguem dar resposta à exigência desta segmentação: entra em colisão com os números. Os profissionais com formação certificada e conhecimentos específicos acabam por se destacar nos seus próprios espaços onde conseguem, efetiva e literalmente, a personalização do serviço – longe da afluência e circulação de pessoas bem como do ambiente excessivamente manipulado – em luz, cor e som – que se torna agressivo e hostil.
No contexto desta nova realidade, a comunidade médica e terapêutica, ainda que lentamente, vai demonstrando maior consciência dos benefícios do treino de força e tem vindo a recomendar cada vez mais a prática de exercício físico conduzido por um profissional da área que seja capaz de particularizar casos, à luz dos comprovados conhecimentos nas ciências da mecânica do exercício, fisiologia muscular e articular.
Também os treinadores, perante esta mutação de exigências, se viram obrigados a investir em espaços próprios, estudos mais específicos, muitos apenas disponíveis fora do país, até que várias escolas conseguiram através de protocolos formais e parcerias várias, trazer e formar profissionais capacitados para desenvolver a ampla oferta de conhecimento para território nacional, proporcionando assim uma maior acessibilidade e acesso à formação específica e credenciada. Assim, à segmentação da procura juntou-se uma maior especialização dos profissionais, abrindo oportunidades à criação de espaços direcionados para públicos alvo, com objetivos maiores e distanciados do estético associado aos conceitos de fitness e health clubs. Estes nichos de mercado, com especificidades ditadas por consumidores exigentes e necessidades específicas ainda por explorar, fomentaram a proliferação dos estúdios de treino personalizado, num ambiente privado e intimista, com foco nas várias vertentes em que se especializaram – como o yoga, pilates, treino de força, performance ou de recuperação física.
Profissionais do exercício físico são agora empreendedores. Munem-se de valências completamente fora da sua área de formação base, como preparação e análise de risco, capacidade de controlar e decidir perante dados financeiros, etc. São treinadores/gestores com uma visão muito mais aproximada do cliente, criando das necessidades a oportunidade certa que conduzirá à valorização e retorno positivo do investimento. O lucro não se dissocia – está inerente à subsistência de qualquer negócio – mas o que se visa é a criação de valor, através da satisfação intrínseca de ser parte essencial e indispensável na resolução dos problemas, necessidades e objectivos do cliente.
Seguindo esta natural evolução, e motivado pela experiência profissional e formação contínua em reconhecidas escolas de exercício, o Studio_SE7 nasce da dedicação e resiliência de quem procura ser mais, fazer melhor. Não só queremos marcar presença no desenvolvimento da saúde e bem-estar da população, como ambicionamos ser uma referência nesse sector.
Assumimos assim o treino de força, assente na mestria em áreas como a mecânica do exercício, fisiologia articular e muscular e experiência partilhada com profissionais de referência, como a chave mestra no desenvolvimento de capacidades motoras e cognitivas. A saúde e segurança de quem procura os nossos serviços estará de mãos dadas com as ferramentas certas, o conhecimento científico e especializado, bem como a experiência que adquirimos ao longo do caminho.