Retrospetiva Exercise Summit 2022
Exercise Summit aconteceu este fim de semana em Lisboa
A 4ª edição do Exercise Summit reuniu este fim de semana em Lisboa, 400 participantes, em mais de 15 horas de palestras com conteúdos e debates, baseados na ciência, sobre exercício físico.
Hugo Moniz, responsável pela organização, focou na abertura do evento “a importância de juntar profissionais depois de dois anos de distância, e credenciar e reconhecer as competências dos profissionais ligados à prática de exercício físico”.
Em representação da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. João Pedro Monteiro destacou o número reduzido de pessoas que praticam exercício, comparado com o aumento do número de profissionais de desporto e dos espaços desportivos. “Precisamos perceber como podemos motivar mais as pessoas, como é as podemos ir buscar a casa. Precisamos continuar com as boas práticas de educação física junto das crianças em idade escolar”.
António Palmeira, professor doutor, investigador e coordenador na Universidade Lusófona, apresentou estudos que identificam dois tipos de motivação na prática desportiva: a “mustivation”, a motivação “tenho que fazer” e a “wantivation”, em que a pessoa se motiva pelo prazer, pela aprendizagem. Falou da importância de olhar para as boas motivações e para as piores motivações.
O investigador explicou que a motivação poluente não dura muito tempo. Já a motivação renovável no treino é uma energia que contagia, mais durável e por isso mais sustentável. Esta é a motivação “suporte”, onde o praticante compreende porque está a fazer um exercício e tem opções que lhe permitem adaptar o treino às suas preferências. Numa relação de treino personalizado é esta a motivação que traz melhores resultados para a energia do praticante e do instrutor.
Durante a manhã houve tempo para conhecer os efeitos do Covid 19 em atletas profissionais e amadores, e olhar para o impacto da medicina desportiva em praticantes de exercício amadores, com a visão dos médicos Helder Dores e Rodrigo Moreira do Hospital da Luz de Lisboa.
“Fomos feitos para nos mexermos. Para fugir, caçar. O movimento do homem no passado era eficiente. Mexíamo-nos para fazer alguma coisa. A resistência cardiovascular das primeiras tribos foi o que nos trouxe aqui hoje, e que nos permite existir. Deixámos de nos mexer – para trabalhar e outras coisas. E começámos a comer o que não devemos. Hoje é o músculo que nos mantém vivos.” Foi assim que Miguel Izquierdo, investigador e professor de biomecânica e fisiologia do exercício em Navarra, falou do papel do exercício físico nas pessoas mais velhas.
Mostrou um dos primeiros estudos feitos em Inglaterra sobre este tema, onde se concluiu que os vendedores de bilhetes do autocarro eram mais saudáveis que os condutores, porque subiam e desciam as escadas do transporte várias vezes no num dia.
“150 minutos de atividade física por semana, moderada ou intensa, reduzem 30% o risco de algumas mortalidades. É urgente olharmos para a qualidade do envelhecimento, que permite à pessoa viver mais tempo, com o colesterol às vezes controlado por medicamentos, mas não lhe dá condições de passear com o neto, ou se encontrar com amigos.” O investigador concluiu a apresentação a alertar para o papel da inatividade física como fator chave na gestão de certas doenças, a partir de uma certa idade.
Outros temas em destaque foram o treino de força e a coluna, com foco na lombalgia crónica e um olhar para a atualidade da rotação e do treino de coluna, pelo especialista em mecânica do exercício, Rui Fortuna. A importância de adaptar os exercícios de acordo com a variação no movimento de cada pessoa, e de perceber a forma como estamos a aplicar carga para não provocar a rotura, com o professor da Universidade de Évora, Orlando Fernandes.
Rogério Barbosa Pereira, fisioterapeuta pós-graduado em reabilitação no desporto, falou de estudos onde se mostra que metade da população sofre de uma doença crónica não transmissível. “Se no passado se morria por fome, hoje morre-se por falta de exercício e alimentação em excesso. Estudos mostram que 25% dos adultos e 75% dos adolescentes não cumprem com a dose semanal de atividade física.” Explicou que um programa de 15 a 20 minutos diário pode incluir um plano de exercício que previne determinadas lesões e lembrou que cada profissional deve “correr o risco de manter os seus clientes saudáveis”.
A terminar o evento, Brad Schoenfeld, investigador norte-americano, apresentou estudos acerca da variação, da regularidade e da personalização dos exercícios num treino de força, para se obterem melhores resultados e uma aula prática com exemplos de programações de treino para otimizar resultados.
A próxima edição do Exercise Summit já está marcada para 12, 13 e 14 de maio de 2023